A Polícia Civil de Santa Catarina realizou na manhã desta sexta-feira (14), uma coletiva de imprensa para falar sobre a conclusão do inquérito da chacina na cidade de Saudades, no oeste de Santa Catarina.
No dia 4 de maio, um criminoso de 18 anos invadiu a escola infantil Pró-Infância Aquarela e armado com uma espada matou três crianças menores de dois anos e duas mulheres.
Após o crime, o criminoso tentou se matar, mas não obteve sucesso. Ele ficou ferido, foi socorrido, prestou depoimento para o delegado no hospital dispensando um advogado e na sequencia foi encaminhado para o presídio.
Para concluir o inquérito, a Polícia Civil de Santa Catarina realizou troca de informações com o FBI, dos Estados Unidos.
Graças a troca de informações com outros quatro estados do país, os policiais conseguiram extrair de equipamentos eletrônicos, informações que indicavam outros indivíduos que estavam planejando o mesmo tipo de ataque que aconteceu em Saudades. Esses casos permanecem sob investigação.
De acordo com o delegado Jerônimo Marçal Ferreira, o criminoso de 18 anos agiu sozinho e queria matar o máximo possível de pessoas.
De acordo com as informações levantadas durante o inquérito, no dia do crime, o indivíduo foi trabalhar normalmente. Após o trabalho ele foi em casa e na sequencia foi até a creche. Ele agiu com pressa tentando encontrar mais pessoas nas salas para atentar contra elas.
O criminoso agiu consciente do que fez, o tempo todo, ele planejou a ação desde o ano passado. Ele foi indiciado por cinco homicídios triplamente qualificado e uma tentativa de homicídio.
Não há qualquer indicativo que ele tenha sido auxiliado a cometer o crime. O delegado relatou que o conteúdo do depoimento não será divulgado para não expor outras pessoas e para não dar mídia para o criminoso pois ele não merece.
De acordo com o delegado, o criminoso era uma pessoa isolada e tinha dificuldade em relacionamentos, em um nível muito acima de normal. Por exemplo, a família se reunia para jantar e ele não jantava com a família, pegava o prato e ia para o quarto. Se ele precisava comprar uma roupa, ele não ia comprar, ele pedia para a mãe realizar a compra. Nos últimos tempos ele foi se isolando cada vez mais. Aprofundado no isolamento do que seria um “mundo normal”, ele começou a ter contato com materiais violentos, ideias violentas, e com pessoas que pensavam parecido com ele, com pensamentos ruins, sentimentos ruins. Ele começou a alimentar esse ódio dentro dele nos últimos meses ao ponto dele resolver descarregar tudo isso em alguém, na população em geral. Ele não tinha um ódio específico contra um grupo ou uma pessoa específica, ele criou esse ódio generalizado. A intenção dele no primeiro momento, quando ele começou a querer a executar todos esses pensamentos, foi contra pessoas que tinham um certo convívio com ele, pessoas da escola dele, próximas a ele. Ele tentou adquirir arma de fogo de várias formas, em várias oportunidades e não conseguiu. Como ele não conseguiu ele achou que não daria conta de enfrentar os rapazes da escola com uma arma branca, a espada na ocasião.
Isso mostra que o ato dele, por si só já seria covarde, porque foi contra crianças e mulheres que não tinham como se defender. Isso mostra que o ato foi muito mais covarde, pois ele sabia que não iria se garantir contra pessoas que pudessem se defender. Ele então decidiu descontar a raiva, o ódio em pessoas que nada tinham a ver com ele, em pessoas que nunca tinham feito nada contra ninguém, demonstrando um ato extremamente covarde.
Em relação ao conteúdo encontrado no computador e eletrônicos do rapaz, o delegado afirmou que ele tinha acesso a conteúdo inapropriado e contato com pessoas com pensamentos ruins, com sentimentos ruins que pensavam mais ou menos como ele. O delegado afirmou que ele tinha consciência do que ele fez foi errado, ele tinha o discernimento do que ele fez. Ele teria dito que está arrependido, porém o delegado não tem certeza se ele apenas disse para diminuir sua responsabilidade.
A arma utilizada no crime ele comprou via internet. A arma chegou através do Correios cinco dias antes do crime, e a família chegou a ver o produto e não entendeu o por que da compra.
Ele não teria recebido auxílio pela internet de outras pessoas para cometer a chacina. A Polícia ainda teve acesso a informações de outros indivíduos que estavam com os mesmos planos em outros estados e foram identificados. Ele não teria tido acesso à deep web.
Em relação a saúde mental, o rapaz não apresenta nenhum sinal de doença mental e tinha auto determinação do que estava fazendo.
De acordo com o delegado, não só a família, como pessoas do seu círculo de trabalho e escola, ninguém tinha ideia do que poderia acontecer, devido o isolamento que ele vivia. Veja como foi a coletiva de imprensa:
https://www.youtube.com/watch?v=LEtxpLjsU7Q
O criminoso está no presídio, pois teve a prisão preventiva decretada e deve seguir assim até o dia de seu julgamento.