A tragédia que abalou o Brasil neste fim de semana com a morte da cantora Marília Mendonça, seu tio, seu assessor, piloto e co-piloto, foi marcada também por uma enxurrada de desinformações e fake news.
A própria assessoria de imprensa da cantora divulgou para a as TVs, jornais e portais que ela estava bem e havia sido socorrida para um hospital, fazendo com que houvesse esperança para muita gente, quando na verdade, todos ocupantes estavam já sem vida.
A assessoria pediu desculpas pela informação falsa.
Como se não bastasse esse baque nos fãs e familiares das vítimas fatais, surgia mais fake news sobre o acidente aéreo.
Em um deles, mostrava a suposta imagem da queda da aeronave. O vídeo foi compartilhado por milhares de pessoas inclusive foi utilizado por um grande portal de notícias. O vídeo que estava sendo atribuído ao acidente, na real era de um acidente aéreo em Jundiaí, São Paulo, no ano de 2012, em que um piloto realizava um teste em um bimotor e logo após decolar o piloto declarou emergência e tentou retornar à pista, porém a poucos metros da cabeceira, a aeronave girou e caiu, causando uma explosão:
O piloto Rui Barbosa Martins Júnior morreu no local.
Esse mesmo vídeo foi utilizado em outra fake news, quando houve a queda de uma aeronave na cidade de Piracicaba em setembro deste ano, sendo novamente divulgando amplamente como o vídeo do acidente.
Como se não bastasse o vídeo, realizaram uma montagem com um vídeo dizendo ser o áudio dentro da aeronave que estava a cantora. O vídeo com legenda é bastante desconfortável para várias pessoas, pois é possível ouvir o desespero do piloto para tentar controlar a aeronave e alarmes disparados dentro da cabine.
Esse áudio foi retirado da caixa preta do voo 1907 da Gol em 2006, um dos piores acidentes aéreos da história do Brasil.
No dia 29 de setembro de 2006, um boeing da Gol foi atingido por um jato Legacy no ar e caiu, na região de Peixoto de Azevedo, a 692 km ao Norte de Cuiabá. As 154 pessoas que estavam a bordo, entre tripulantes e passageiros, morreram na queda.
O avião fazia o voo 1907 e havia saído de Manaus, faria escala em Brasília, e teria como destino final a cidade do Rio de Janeiro. Os ocupantes do jato, que seguia para os Estados Unidos quando bateu no boeing, conseguiu pousar na Serra do Cachimbo, no Pará. As sete pessoas a bordo saíram ilesas.
Os pilotos americanos do Legacy, Joseph Lepore e Jean Paul Paladino, foram condenados pela Justiça Brasileira, ainda não foram presos e são considerados foragidos no Brasil. Enquanto isso, nos Estados Unidos, eles seguem uma vida tranquila. Apesar de terem sido notificados da sentença, que foi traduzida para o inglês e seguido todo o rito para sua oficialização, a justiça de seu país parece não se importar com o dano que causaram – ainda que Brasil e EUA sejam signatários da Convenção de Manágua, que autoriza a transferência de sentenças penais entre países.
Em 2017, o Brasil protocolou uma petição na ONU em que alegou que os EUA violaram a Convenção de Chicago (tratado que estabelece as bases do Direito Aeronáutico Internacional) por não terem instaurado um procedimento legal ou administrativo em relação aos pilotos americanos que conduziam o jato da Embraer. Até hoje, isso não deu em nada.
É revoltante que em 2021, pessoas se sujeitem a utilizar informações falsa ou vídeos de outros acidentes em busca de clicks.
Na atualidade temos inúmeras referências sobre aviação nacional que interagem nas rede sociais trazendo informações verdadeiras e com credibilidade. Sugiro que sigam o canal e redes sociais do Aviões e Música.