Em alusão ao Dia Mundial contra a Raiva, comemorado todos os anos em 28 de setembro, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reforça as orientações à população sobre como proceder ao encontrar morcegos, mortos ou vivos, no quintal ou dentro de casa. Como o animal pode estar contaminado com o vírus da raiva, a indicação sempre é evitar qualquer contato direto.
“Não dá para saber só olhando se o morcego tem raiva ou não. E se o animal estiver infectado, só de tocá-lo a pessoa pode se contaminar, pois o vírus fica na saliva do morcego e ele costuma lamber o próprio corpo”, explica o biólogo da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) da SMS, Diogo da Cunha Ferraz.
A maioria dos morcegos, porém, encontra-se saudável e tem papel biológico importante no controle de insetos e na disseminação de sementes, ressalta o biólogo. “Desta forma, não devem ser mortos”, enfatiza.
Monitoramento de morcegos
A UVZ faz o monitoramento constante dos animais que podem transmitir raiva. Em 2022, até 20 de setembro, foram enviados para testagem 282 morcegos. Quatro deles tiveram resultado positivo, ou seja, 1,42% do total analisado tinha o vírus da raiva.
De acordo com a coordenadora da UVZ, a médica veterinária Ana Paula Mafra Poleto, com a sensibilização da população em relação ao tema, houve aumento no número de morcegos enviados para análise. Em 2012, foram 59. Este ano, até 20 de setembro, foram 282.
O índice de positividade sempre se manteve abaixo dos 3% em toda a série histórica – com exceção de 2017 (4,4%) e 2018 (3,3%). Mesmo com índice baixo, Ferraz ressalta que os cuidados precisam sem mantidos.
“Este número de morcegos positivos para a raiva está dentro do esperado, não representando surto. Mas o resultado mostra que, assim como em anos anteriores, o vírus continua circulando e, por isso, as precauções contra a doença precisam ser mantidas”, diz.
Segundo ele, mesmo com a incidência baixa é importante monitorar a circulação do vírus da raiva, para prevenir que cães e gatos sejam contaminados e, consequentemente, para que não haja transmissão para humanos.
Em Curitiba, o último registo de raiva em animais domésticos foi um caso em felinos em 2010, quando um gato teve contato com um morcego. Desde 1981 não há registro de raiva canina. E, desde 1975, não há casos em humanos.
O que fazer
Ao encontrar um morcego em situação incomum (caído no chão, dentro de casa, caçado por cão e gato, entre outros), a indicação é isolar o local onde ele foi encontrado ou contê-lo com um balde, caso esteja no chão.
Em seguida, recomenda-se registrar a solicitação de remoção pelo telefone 156 – inclusive finais de semana e feriados – e aguardar o contato de um técnico da UVZ.
“Aconselhamos que a pessoa não tente capturar o morcego e de forma alguma toque no animal”, orienta Ferraz. Uma equipe UVZ vai até o local, faz a remoção do morcego, a vacinação de cães e gatos que possam ter tido contato e dá orientações. Em seguida, o morcego é encaminhado para exame.
A medida faz parte do trabalho preventivo de rotina da UVZ, que também monitora cães e gatos suspeitos, quando notificados por profissionais veterinários. “As ações da UVZ aliadas à colaboração da população, são fundamentais para manter a doença sob controle”, diz Ferraz.
Vacina
Para os tutores de cães e gatos, a orientação é mantê-los vacinados contra a raiva. A vacina deve ser feita anualmente. Cães e gatos têm hábitos de caça e, eventualmente, podem entrar em contato com morcegos contaminados.
“Mesmo animais que não tenham acesso às ruas devem ser vacinados, uma vez que os morcegos podem entrar nas casas e apartamentos e os animais por instinto de caça entrar em contato”, orienta o biólogo.
Além das clínicas particulares, a vacina para os animais de estimação pode ser feita na sede da UVZ, na Rua Lodovico Kaminski, 1.381, CIC – Caiuá, de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 13h às 16h30.
Para humanos, não há indicação de vacinação prévia, com exceção dos profissionais que trabalham na área e com manejo de animais, conforme avaliação caso a caso feita pelo Centro de Epidemiologia da SMS, baseada nos protocolos do Ministério da Saúde.