O Painel da Dengue da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, atualizado nesta quarta-feira (20/3), mostra que a capital paranaense registrou 360 novos casos de dengue na última semana.
No total, Curitiba contabiliza 1.168 casos de dengue em 2024 (até o dia 15/3), sendo 845 importados (contaminação aconteceu fora do município) e 323 autóctones (transmissão local).
O distrito sanitário mais afetado é do Cajuru, com 242 casos, sendo 153 importados. Na sequência está o Tatuquara, com 170 casos, sendo 65 importados.
“Os números da dengue em Curitiba podem parecer pequenos se comparados a outras capitais, mas precisamos de especial atenção, pois estamos vivendo um momento climático propício para a proliferação do mosquito e espalhamento da doença”, alerta a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella.
“E poderemos ver uma progressão geométrica de casos, se não houver comprometimento de todos na luta contra o mosquito”, completou.
Balanço
No Brasil, já são 1,9 milhão de casos prováveis de dengue em 2024. Ao todo, 303 municípios brasileiros e 11 unidades da federação declararam emergência em saúde pública por conta da dengue (Acre, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio de Grande do Sul, Santa Catarina, Amapá, São Paulo e Paraná).
O Informe Semanal da Dengue divulgado nesta terça-feira (19/3) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) registra o maior número de casos no Paraná em um boletim do atual período epidemiológico: 22.222 novos casos – o Paraná decretou situação de emergência pública para dengue no último dia 14.
O período sazonal 2023/2024, que teve início em julho do ano passado, soma 113.194 casos confirmados em todo o Paraná. Os municípios que apresentam mais casos confirmados no estado são Apucarana (12.819), Londrina (8.055) e Cascavel (6.651).
“Há muitos municípios em situação de epidemia no Paraná e no restante do país. Com o fluxo constante de pessoas, acabamos registrando mais casos importados. E essas pessoas que voltam com casos importados, ao encontrar o mosquito transmissor da dengue aqui, contribuem para o início da cadeia de transmissão da doença localmente, aumentando o número de casos autóctones”, explica o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira. Isto porque se o mosquito pica alguém com dengue ficará contaminado com o vírus e transmitirá para outras pessoas.
El Niño
De acordo com especialistas, o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, tem demonstrado grande capacidade de proliferação não apenas nas regiões tropicais, como também nas subtropicais e até nas tradicionalmente mais frias do globo.
O fenômeno tem sido fortemente impulsionado pelo evento climático do El Niño, que marcou o ano de 2023 e persiste neste início de 2024, trazendo altas temperaturas e chuvas abundantes.
“Calor e chuva são as condições propícias para a proliferação do mosquito”, afirma a bióloga do Programa Municipal de Controle do Aedes, Tatiana Robaina. “E o El Niño traz todas essas condições”, completa.
Assim, regiões que registravam pouco ou nenhum caso de dengue têm visto os números crescerem, contribuindo com a escalada da doença em todo o mundo.
“Com as mudanças climáticas, há maior proliferação do mosquito e uma expansão da área de acometimento por dengue. O Sul do Brasil, que é subtropical, praticamente não tinha dengue, agora é uma das mais acometidas”, explica Oliveira.
“Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que não costumavam sofrer com a dengue, viram os números subir rapidamente e tiveram que decretar situação de emergência para a dengue”, analisa Oliveira.