As smart gloves (luvas inteligentes), desenvolvidas por um aluno do Colégio Estadual Professor Pedro Carli, em Guarapuava, região Centro-Sul do Paraná, ainda estão em fase de teste, mas já foram reconhecidas entre os melhores projetos da Jornada Educatech 2024, organizada pela Fundação Araucária e a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). A Jornada serve como vitrine para projetos de estudantes e para a conexão entre jovens, educadores e especialistas, com destaque para iniciativas com impacto social.
O dispositivo converte movimentos dos dedos em mensagens exibidas na tela de um computador e permite monitorar, em tempo real, os padrões de curvatura das mãos por meio de gráficos. A aplicação pode ser tanto como auxílio nos tratamentos de fisioterapia em processos de reabilitação motora quanto como ferramenta de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) para pessoas com dificuldade de fala.
Cada movimento dos dedos pode acionar mensagens pré-programadas, como “tenho sede”, “sinto dor” ou “preciso ir ao banheiro”, que aparecem na interface do site e podem ser enviadas para celulares de cuidadores ou de familiares em tempo real. Há ainda suporte para áudio, simulando a fala do usuário.
A ideia nasceu nas aulas de Programação, Robótica e Pensamento Computacional, ministradas pelo professor Willian Schön Lopes. “Mais do que uma ferramenta tecnológica, as smart gloves mostram aos alunos que é possível usar o conhecimento para gerar inclusão e qualidade de vida”, afirma.
O projeto está em processo de validação com profissionais da saúde, testes com o público-alvo e trâmite de patente. Apesar de ainda em desenvolvimento, a expectativa é que a tecnologia avance para produção em larga escala, ampliando o acesso e o impacto social da inovação. “Tivemos um retorno bem positivo de profissionais para quem apresentamos o dispositivo. Quem sabe não se torna realidade nos processos de reabilitação futuramente”, reitera o professor Willian.
O criador do projeto, hoje aluno do curso de Ciência da Computação da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), José Guilherme Pereira da Luz, de 18 anos, explica que a luva pode auxiliar os profissionais a monitorar a evolução de pacientes que sofreram um Acidente Vascular Encefálico (AVE) e mantêm movimentos limitados nas mãos.
“Sensores instalados no dispositivo medem o ângulo de curvatura dos dedos, e os dados são transmitidos via Wi-Fi para uma plataforma online, que pode ser acessada por fisioterapeutas e profissionais de saúde, inclusive de forma remota”, diz.
Para criar o projeto, José Guilherme se inspirou na história do avô, que sofreu um AVC há alguns anos e à época teve consequências diretas na comunicação. “Tínhamos dificuldade de entender o que ele queria nos dizer. Víamos que estava com dor, mas ele não conseguia nos dizer onde era e ficávamos muito aflitos. Fico imaginando que, se eu já tivesse desenvolvido essa ferramenta naquela época, como a vida do meu avô teria sido diferente”, argumenta..