Protagonistas nas principais competições estaduais e nacionais, os alunos da rede estadual de ensino do Paraná são referência quando o assunto é robótica. Com bom histórico e presença frequente em pódios, os estudantes se destacam com habilidades que envolvem o desenvolvimento do pensamento crítico, capacidade de solucionar problemas complexos e familiarização com ferramentas tecnológicas.
A robótica foi implantada na rede estadual de ensino do Paraná em 2021. À época, a primeira ação da Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) foi a aquisição de 2.577 kits, distribuídos a 277 escolas, para o início do projeto nas salas de aula, naquele mesmo ano. Atualmente, a robótica chega a quase 1.700 escolas e a cerca de 150 mil estudantes utilizando cerca de 20 mil kits do ensino regular e no contraturno. Mais de 160 mil alunos de 1.700 instituições estão matriculados no componente curricular.
Desde que passou a integrar os componentes curriculares, a robótica vem posicionando os alunos da rede na linha de frente das inovações educacionais e competições: a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), a FIRA World Cup e o Concurso Agrinho são a prova de que os estudantes das escolas estaduais estão cada vez melhor preparados para o futuro.
Com histórico de favoritismo em competições de robótica, o Colégio Estadual do Paraná (CEP) coleciona premiações. No último ano as equipes de robótica da instituição conquistaram prêmios em mais de 20 competições locais e nacionais, sendo que, em seis delas, os alunos alcançaram as primeiras colocações e em outras sete, chegaram ao pódio.
“Os torneios têm evidenciado a excelência acadêmica e técnica dos alunos, que se destacam em níveis avançados de competição a cada ano. Essa conquista é fruto de muito trabalho, criatividade e conhecimento”, afirma Tony Marcio Groch, professor de robótica do CEP.
A lista das principais conquistas alcançadas pelos alunos do CEP, somente em 2023, inclui: campeão da categoria ‘Missão Impossível’, no Campeonato Nacional FIRA, em Juazeiro-CE; campeão geral do Torneio Brasil de Robótica (TBR), na categoria ‘HIGH’, em Marília-SP; primeiro lugar do TBR, na Categoria ‘HIGH’ (desafio prático), em Marília-SP; primeiro lugar do Nível 2 do Campeonato Aberto da OBR; e conquista de 2 bolsas de iniciação científica júnior à equipe Mekanism Robocep.
Neste ano, o colégio já garantiu classificação de duas equipes para a fase final da Olimpíada Brasileira de Robótica 2024, que será em Goiânia, entre 11 e 16 de novembro.
SALVANANO – A categoria ‘Resgate’ da Olimpíada Brasileira de Robótica, consiste em um desafio em que se simula um acidente nuclear ou químico, no qual o resgate humano fica impossibilitado e somente máquinas podem realizar a operação.
Para a competição, a equipe do Colégio Estadual do Paraná formada por alunos da terceira série do Ensino Médio, Apollo Bonatti, Thor Bonatti, Júlia Mayumi e Erán Martinez desenvolveu o Salvanano, um robô feito de LEGO, programado para resgatar vítimas em um circuito simulatório, além de superar desafios no decorrer do trajeto. Na simulação, os sobreviventes são representados por bolas prateadas e as vítimas, por bolas pretas.
“Esse projeto vem sendo aprimorado desde o início do ano, e já alcançamos o primeiro lugar nas duas etapas estaduais. Estamos muito orgulhosos do que conseguimos até agora e ansiosos para representar a escola na fase nacional”, destaca Apollo Bonatti que articula os últimos ajustes do protótipo antes do desafio final.
“Nas últimas fases conseguimos resgatar todos os sobreviventes e isso já foi um sucesso. Agora é necessário resgatar as vítimas, por isso a urgência da melhora do protótipo”, afirma Apollo.
Com o sucesso conquistado nas fases iniciais da Olimpíada Brasileira, o planejamento do grupo, mesmo após o encerramento da competição, é aprimorar ao máximo o modelo e tentar reaproveitá-lo para outras modalidades da robótica. Partindo das regras da própria competição, os modelos projetados pelos alunos podem ser reutilizados por empresas ou instituições interessadas, que podem utilizar esta tecnologia para uso próprio.
ANDRÔMEDA – Único projeto paranaense classificado para a fase nacional da OBR na categoria ‘Artística’, o robô Andrômeda foi idealizado pelos alunos Nicoly Soares, Karine Chmura, Davi Padilha e Isabella Gavleta, todos da primeira série do Ensino Médio do CEP. Feito de LEGO e de partes impressas por impressora 3D, o robô aguarda apresentação na final do evento, na qual vai interagir com a integrante da equipe, Isabella, durante um ato artístico no palco.
“Tivemos a ideia de trazer elementos de fantasia, por isso optamos por caracterizá-lo como uma fada, com asas feitas em impressora 3D. Essa ideia surgiu para deixar a apresentação lúdica”, relata Nicoly Soares, aluna do projeto andrômeda.
O grupo almeja realizar transformações no robô para a etapa nacional da Olimpíada Brasileira, revestindo as partes externas do protótipo com acessórios da impressora, além de investir no cenário da apresentação.
“Um dos principais desafios enfrentados pelo grupo foi a falta de experiência prévia na área de robótica (diferentemente da equipe Salvanano), já que os alunos da equipe Andrômeda estão em seus primeiros anos no componente curricular. Mesmo assim, o trabalho da equipe foi reconhecido, sendo o único do Paraná a competir na categoria”, reforça Tony Marcio Groch.
Após a competição, os componentes utilizados no projeto Andrômeda serão reaproveitados para a construção de outros robôs no próprio colégio, otimizando os recursos disponíveis.
AGRINHO – Outra iniciativa que tem revelado talentos na área da robótica é o Concurso Agrinho, programa de responsabilidade social do Sistema Faep, realizado em parceria com o Governo do Paraná, por meio da Secretaria da Educação (Seed-PR), e da Agricultura e do Abastecimento (Seab), entre outras. Desde que a Seed-PR passou a integrar o concurso em 2022, projetos importantes foram viabilizados a partir da criatividade dos alunos da rede. Um deles, é o projeto chamado “Mobilidade Livre: Transformando Vidas”, que foi premiado no concurso do ano passado.
Desenvolvido por quatro estudantes do Colégio Estadual Cívico-Militar Guimarães Rosa, em Assis Chateaubriand, o trabalho consiste numa cadeira de rodas elétrica de baixo custo para crianças com deficiência. O projeto surgiu com o objetivo de oferecer uma solução acessível para aqueles que não têm condições financeiras de adquirir uma cadeira motorizada.
Construído a partir da doação de materiais mecânicos descartados, o protótipo foi montado até mesmo com peças resgatadas do lixo. Após o término do projeto, os jovens realizaram seu primeiro teste em uma feira realizada no colégio, no qual uma criança que possui uma deficiência fez o teste na cadeira elétrica.
“Ficamos muito satisfeitos com a funcionalidade e a simplicidade do protótipo. O momento mais emocionante foi ver o protótipo em uso, proporcionando mobilidade para uma criança que visitava nossa feira. Esse foi o ápice do projeto”, afirma Josiel Barbosa, professor orientador da equipe.
O projeto “Mobilidade Livre: Transformando Vidas” continua gerando impactos positivos até hoje. Além de vencer a competição do Agrinho, a equipe envolvida busca refinar e expandir a iniciativa, com a ideia de criar, sem fins lucrativos, um kit para transformar cadeiras de rodas convencionais em elétricas de maneira acessível. O principal objetivo é continuar impactando a vida de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, oferecendo uma solução prática e de baixo custo.
A repercussão foi extremamente positiva, tanto no Colégio Estadual Cívico-Militar Guimarães Rosa quanto em nível local e nacional. O projeto despertou o interesse dos alunos pela robótica e foi elogiado por diretores e pais. Tornou-se referência na área de inclusão e acessibilidade, evidenciando o potencial transformador de estudantes e professores dedicados. “O reconhecimento demonstra o impacto social e o poder de iniciativas como essa para transformar vidas e fazer a diferença”, afirma o professor Josiel Barbosa.