O Plantão 190 recebeu nos últimos meses denúncias que sobre a falta de efetivo de CMEIVs (Corpo de Militares Estaduais Inativos Voluntários) na Polícia Científica do Paraná. As denúncias tem causado revolta em familiares, que muitas vezes sofrem com a demora da remoção de um ente querido que perde a vida de forma trágica. Em uma das ocorrências, familiares de uma uma vítima de acidente de trânsito nos procurou para relatar que ele havia morrido na ambulância e que o corpo do homem foi encaminhado ao Hospital da Lapa, isso no início da tarde do dia 25 de maio, um domingo. No início da noite, familiares da vítima descobriram que o corpo seria recolhido apenas na segunda-feira (26), pois teria sido feito um agendamento para recolhimento do corpo. Revoltados, os familiares procuraram nossa reportagem para denunciar o descaso. Após procurarmos a Polícia Científica, uma viatura foi encaminhada na noite de domingo para recolher o corpo.
Conversamos com pessoas que não quiseram se identificar e relataram que esse “agendamento” é um absurdo e não deveria existir.
Descobrimos também através de denúncias da falta de CMEIVs (Corpo de Militares Estaduais Inativos Voluntários). Para quem desconhece, são militares (policiais ou bombeiros) da reserva (aposentados), que voltam a trabalhar, o que ajuda a somar no efetivo das equipes. O problema é, que gerou mais denúncias, quando há o acionamento para o recolhimento de um corpo por exemplo, o CMEIV vai sozinho até o local. A pergunta é, como um homem, ou mulher, sozinho, vai realizar o recolhimento do corpo de uma pessoa e colocar na viatura da Polícia Científica? É humanamente impossível, ou extremamente desgastante. Foi exatamente a partir deste fato que recebemos uma nova denúncia, de que familiares precisaram ajudar a recolher o corpo de um ente querido, carregando e tendo que auxiliar na colocação da viatura da Polícia Científica. Quando não são familiares, são policiais militares que acabam auxiliando no recolhimento do corpo. Um detalhe, é que há comentários que chegaram até nossa produção que uma portaria poderá ser expedida proibindo que os policiais militares de auxiliar a remoção de corpo, já que não é uma obrigação do militar realizar esse tipo de serviço.
Analisando o contexto, realmente, o militar que está aposentado acaba tendo que trabalhar com sobrecarga, já que muitas vezes exerce o trabalho de dois profissionais, além do fato de que ele sempre irá precisar de ajuda para realizar o recolhimento do corpo.
No dia 24 de julho nossa equipe presenciou uma cena que não tinha visto ainda, que causou estranheza. Apenas a viatura do rabecão chegando no local, sem a viatura que realiza o deslocamento com o perito ou peritos. Foi ai que foi possível notar o CMEIV sozinho com a perita ao lado na viatura, sendo assim possível confirmar que realmente o condutor do rabecão está trabalhando sozinho. Outro detalhe é que muitas vezes o perito precisa continuar o trabalho mesmo após a remoção do corpo ou antes, tendo que muitas vezes seguir para outra ocorrência.
Sobre a denúncia de agendamento para retirada de corpos a Polícia Científica do Paraná emitiu a seguinte nota:
A Polícia Científica do Paraná informa que, em Curitiba e região metropolitana, definiu-se uma rotina de trabalho que visava priorizar o atendimento das ocorrências com vítimas fatais em vias públicas ou residências, com caráter de urgência. Com o reforço de novos servidores técnicos de perícia, a partir do mês de maio deste ano, foi reestabelecido o deslocamento imediato às remoção em casas hospitalares. Todavia, lembramos que, após o óbito no hospital, existe uma série de trâmites burocráticos a serem vencidos pelo estabelecimento de saúde, como a análise e o preenchimento da documentação e a lavratura do boletim de ocorrência, que devem ser realizados antes do recolhimento do corpo pela PCP.
Sobre a denúncia de falta de CMEIVs para o recolhimento dos corpos, a Polícia Científica emitiu a seguinte nota:
Em atenção às recentes manifestações acerca do recolhimento de corpos, a Polícia Científica do Paraná esclarece que atualmente as equipes deslocadas para os atendimentos contam com dois servidores: um perito e um agente de remoção (CMEIV ou Técnico de Perícia). Destaca-se que, quando necessário, as equipes podem requisitar o apoio de outros profissionais para assegurar a adequada execução do serviço.
Reforçamos ainda que as forças de segurança pública do Paraná trabalham de maneira integrada, visando sempre o pleno atendimento à sociedade e à preservação da dignidade das vítimas e familiares. Até o momento, não foi encaminhado à Polícia Científica nenhum documento oficial proibindo o apoio prestado pelas demais instituições de segurança nos procedimentos de remoção de corpos.
Seguimos comprometidos com a qualidade dos serviços prestados e atentos às necessidades da população, mantendo diálogo permanente com todas as instituições envolvidas.