A Urbanização de Curitiba (Urbs) vem reforçando medidas para inibir o assédio sexual no transporte da capital. Os ônibus da capital são equipados com um botão de importunação sexual no console do motorista, que aciona a funcionalidade quando é constatado algum tipo de assédio nos veículos.
Após o motorista apertar o botão, um alerta é enviado para o Centro de Controle Operacional (CCO) da Urbs e para a Muralha Digital, acionando a Guarda Municipal por georreferenciamento.
Segundo Maison Mazetto, chefe do CCO, desde a implantação do sistema, em 2023, foram 99 acionamentos do botão – 22 ocorreram em 2025. Por dia, o transporte coletivo de Curitiba atende 550 mil passageiros.
“O sistema permite que o aviso de importunação sexual do ônibus seja recebido imediatamente pelo CCO e a Muralha Digital, com identificação da linha, número do ônibus e localização do veículo. A partir do alerta, a demanda é repassada para a vigilância do terminal mais próximo e para a Guarda Municipal. É uma resposta muito rápida, que ajuda a combater esse tipo de crime dos ônibus”, explica o diretor do CCO.
Toda a frota de 1.189 ônibus de Curitiba é equipada com a funcionalidade. Os veículos também possuem botões sobre acidentes, assalto, arrastões, operação policial e ocorrência de rabeiras.
Câmeras
Os botões e as câmeras dentro dos ônibus ajudam a inibir o assédio e identificar os envolvidos. Atualmente, 62% da frota operante possui câmeras e todos os novos ônibus que entram no sistema são equipados com dispositivos de monitoramento.
Neste ano, o número de acionamentos (22) está 42% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, com 38 registros.
De acordo com Mazetto, com os acionamentos é possível traçar um panorama de dias e horários nos quais mais ocorrem os crimes. Com base no histórico, as importunações ocorrem principalmente fora do horário de pico, das 14h às 16h, e com maior frequência às quartas e quintas-feiras.
Denuncie
A Urbs alerta que é necessário que a vítima ou alguma testemunha não se intimide e denuncie a importunação ao motorista. Muitas mulheres ainda se sentem incomodadas em se manifestar sobre o assédio ou não sabem da existência do botão nos ônibus.
A psicóloga Claudia Yones, que sempre anda de ônibus, conta que uma de suas pacientes foi vítima de assédio quando estava dentro do coletivo. “O sexo feminino é sempre muito vulnerável nesses episódios, mas tem que enfrentar a situação e um botão como esse ajuda a denunciar e agilizar a resposta da polícia”, disse.
A estudante Luciana Ramile diz que a preocupação é sempre nos horários em que os ônibus estão mais cheios. “A gente sempre tem que ficar atenta, então saber dessa possibilidade de acionar a Polícia rapidamente nos ajuda”, conta.
Para a aposentada Tania Mangini, é importante ter um dispositivo com esse. “É uma forma de aumentar a segurança”, disse.
Crime
A importunação sexual em ônibus é crime previsto no Código Penal (Art. 215-A) e pode resultar em pena de reclusão de até cinco anos. Caso seja vítima, é essencial buscar ajuda e segurança: vá até o motorista, que pode acionar o botão, peça ajuda a outro passageiro, ou procure um local seguro para se sentar.
Se possível, tente documentar o ocorrido, seja através de fotos/vídeos ou coletando informações de testemunhas. Após o ocorrido, registre um boletim de ocorrência.





