Enquanto não há uma vacina contra a dengue e o número de casos da doença aumenta em todo o país, empresas correm contra o tempo para desenvolver tecnologias de combate ao temido Aedes aegypti. Em Curitiba, a startup Tecnogenese começa a testar, este mês, o A.Vex, uma espécie de “armadilha inteligente” que promete atrair e eliminar o mosquito que também causa doenças como chikungunya e zika.
Incubada desde o ano passado na Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), a Tecnogenese foi criada, em 2016, pelo técnico em eletrônica e mecatrônica industrial Fausto Gomes, que começou a projetar o A.Vex durante o seu mestrado em Engenharia Biomédica na própria instituição de ensino superior.
“O grande diferencial da nossa tecnologia é que ela não será agressiva como os inseticidas, que contaminam o meio ambiente e podem causar resistência no mosquito”, argumenta Gomes.
Protótipo
Equipado com recipiente que recebe um produto químico que simula os feromônios do suor humano, o A.Vex já tem um protótipo que foi projetado para atrair o mosquito fêmea, tornando as pessoas próximas ao dispositivo menos “atraentes” para o Aedes aegypti.
“Nos testes, queremos confirmar que, através do estímulo dos biorreceptores do mosquito, as fêmeas, fertilizadas ou não, serão atraídas para dentro do equipamento e, ao passar por um túnel, serão eliminadas ao receber descargas elétricas de uma bobina de 40 mil volts com 10 microamperes”, explica o fundador da Tecnogenese.
Gomes destaca que o início dos testes do A.Vex só será possível graças à parceria com a UTFPR, que selecionou a Tecnogenese para ser incubada em setembro passado.
“Além de recebermos mentorias de professores da instituição e contarmos com um espaço para montagem do mosquitário, dentro do campus da CIC, um convênio da universidade com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) viabilizou a vinda dos ovos do Aedes aegypti para os testes finais”, conta ele. Será no mosquitário que os ovos passarão pelo processo evolutivo até o mosquito adulto, o que permitirá dar início aos testes documentados e validação do equipamento.
Inicialmente, a startup curitibana vai testar o equipamento próprio para ambientes internos (residencial), mas a Tecnogenese já trabalha na criação de outro modelo, para ser instalado em locais abertos e que viria equipado com paineis de energia solar, que garantiriam custo zero de energia. As duas versões teriam, inclusive, um controle por aplicativo de celular, que também informaria o número de mosquitos mortos.
Gomes espera terminar os testes do A.Vex em três meses, o que permitiria cadastrar o equipamento junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no segundo semestre deste ano. A produção comercial, assim, poderia começar no fim de 2020. “O que precisamos agora é de investidores para que possamos desenvolver a segunda versão e viabilizar a produção em escala”, afirma Gomes, que estima o custo da versão residencial entre R$ 1,5 mil e R$ 1,8 mil. Até agora, ele tem usado recursos próprios no desenvolvimento da inovação.
Business Round
No mês passado, Gomes apresentou a Tecnogenese no Business Round, evento do Vale do Pinhão que une happy hour e rodada de negócios. “Foi uma experiência muito importante, pois recebi o apoio de outros empreendedores e fiz vários networkings, inclusive, com investidores”, lembra ele.
A presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, Cris Alessi, espera que a startup curitibana consiga rapidamente recursos para colocar o mais rápido possível o equipamento no mercado. “Este é o tipo de inovação que o Vale do Pinhão apoia, pois realmente irá beneficiar a população. Além disso, é um empresa alinhada com a missão do município de apoiar os empregos do futuro”, acrescenta ela.
Emprego do futuro
Emprego do Futuro é uma das principais agendas da gestão do prefeito Rafael Greca, assim como mobilidade urbana, sustentabilidade e cultura da inovação. A conexão de Curitiba e dos curitibanos com os desafios para a conquista dos Empregos do Futuro motivou um conjunto de ações desenvolvidas pelo Vale do Pinhão, o movimento da Prefeitura e do ecossistema de inovação da cidade para garantir o crescimento sustentável de Curitiba.
Desenvolvidas pela Agência Curitiba/Vale do Pinhão e Fundação de Ação Social (FAS), as iniciativas englobam desde ações focadas no setor de tecnologia e inovação até as de capacitação de habilidades técnicas e humanas. O princípio é simples: muitas profissões “tradicionais” vão mudar e muitas novas vão surgir. O objetivo é capacitar, apoiar e incentivar jovens e adultos, de forma que estejam mais bem preparados para as demandas do mercado de trabalho atual e futuro. As iniciativas incluem: Worktibas, 1ºEmpregotech, Primeiro Emprego, Tecnoparque, Liceus de Ofícios e Inovação, Bom Negócio, Mobiliza, Espaços Empreendedor, Empreendedora Curitibana, Fab Lab e Paiol Digital.