Pessoas infectadas pelo novo coronavírus precisam manter distanciamento maior também dos animais de estimação que têm em casa durante seu isolamento. O alerta vem da descoberta da presença do SARS-CoV-2 em dois cães em Curitiba – um buldogue e um cão sem raça definida – por um estudo coordenado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A Rede de Proteção Animal da Prefeitura de Curitiba reforça que, apesar da possibilidade de esses animais serem infectados por contato próximo com o ser humano, não há evidências do processo inverso – ou seja, de que eles contaminem as pessoas.
“A transmissão de humano para humano continua sendo o principal fator e as medidas de prevenção que já vêm sendo tomadas devem ser mantidas”, orienta o diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria do Meio Ambiente, Edson Evaristo. “Portanto, animais de estimação podem e devem ser mantidos nas famílias”, completa.
Distanciamento não é abandono
Em caso positivo do novo coronavírus em seres humanos, é importante que o tutor mantenha certo distanciamento dos cães e gatos. “Não é preciso que haja uma separação, mas reduzir hábitos como o de deixar o animal dormir na cama é recomendado”, diz o diretor.
Caso o estado da pessoa infectada exija internação, deve-se deixar o pet sob os cuidados de alguém de confiança ou em um local especializado neste tipo de serviço. Assim, ficam garantidos os cuidados para o bem-estar do pet (e do tutor).
“Abandono de animais é crime ambiental, com previsão de multa e reclusão de dois a cinco anos”, explica Evaristo.
O estudo
De acordo com informações divulgadas pela Universidade, os casos encontrados em Curitiba são os primeiros casos da presença do vírus em cães no país. Os tutores responsáveis pelos dois animais testaram positivo para a covid-19 e relataram bastante proximidade com eles na rotina, como o hábito de dormir na mesma cama. Uma gatinha de Cuiabá foi o primeiro pet com SARS-CoV-2 identificado no Brasil.
O projeto em andamento coordenado pela UFPR será realizado em Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Recife (PE), São Paulo (SP) e Cuiabá (MT). São dois momentos de avaliação, com amostras biológicas coletadas com intervalo médio de sete dias, entre animais cujo tutor esteja em isolamento domiciliar, com diagnóstico laboratorial confirmado por RT-qPCR ou resposta imunológica apenas por IgM.