Saiba mais sobre o filme “365 dias”, que ganhou a primeira posição do serviço de streaming na base do amor e do ódio
Antes de qualquer coisa: tire as crianças da sala! Pois o kissuco tá fervendo e não é pouco!
O Top 1 hoje da Netflix se chama “365 dias” e começa tenso já nos primeiros minutos. Tenso e ousado! A estética diferente do filme confunde os sentidos, nos levando a pensar que se trata de uma história de gângsters. A fotografia e os cenários são esplendorosos de início. Mas, não se iluda, tudo começa a ficar bem estranho já em seguida.
Para quem nunca ouviu falar, a trama conta a história de um criminoso italiano rico chamado Massimo (Michele Morrone). Ele sequestra e mantém em cárcere uma mulher que diz ter visto, de relance, no dia da morte de seu pai. No caso a mulher é Laura (Anna Maria Sieklucka) que faz aniversário no dia em que desaparece, em viagem com o namorado da Polônia para a Itália. Estranhamente, depois da noite de bebedeira, a moça acorda em um castelo, dá de cara com o estranho e aí o enredo se desenrola (ou não!).
E por quê razão fica estranho? Primeiramente que a mistura de assuntos torna o filme quase nonsense. O caldeirão tem como ingredientes: tráfico de mulheres, emboscada, máfia italiana, morte, sequestro, uso de drogas, “make over”, relacionamento abusivo, riqueza, gente bonita, magra e gesticulando de modo sexy, tudo embalado à música pop que parece que não encaixa nas cenas.
Há uma clara tentativa de tornar a saga uma espécie de 50 tons de cinza, só que – acredite – com uma mão muito, mais muito mais pesada. Apesar de ficar bem disfarçada ao telespectador desatento, num toque latino, beirando à novela mexicana, a película coloca glamour em temas polêmicos. O legado de Christian Grey foi superado, com cenas mais explícitas, mais longas, mais picantes e mais complicadas do longa polonês.
Na contramão da crítica especializada que classifica o como fraco (e tecnicamente, de fato, é), o filme tem despertado desejos, estimulado a curiosidade e até comentários positivos e entusiásticos em blogs e perfis da internet. Em alguns, há, inclusive, mulheres apaixonadas pelo criminoso abusivo, que ignoram a relação conflituosa e que apoiam a continuação da história, já que o final fica em aberto. É a prova que, também no cinema, gosto não se discute! O filme gera uma relação de amor e ódio por ter censura zero – por mais problemático que isso seja e pela replicação da cultura do suggar daddy (covenhamos, pouquíssimo daddy na figura do Massimo).
Até serviria de entretenimento, se a romantização do abuso não fosse tão problemática, tornando impossível se deixar cativar. Beira ao inadmissível. É gatilho certo para mulheres que já foram violentadas. Perfeito, mas com muitos defeitos!
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