A Polícia Civil do Paraná (PCPR) atingiu índice de 88,6% de solução de homicídios, no primeiro semestre, em Curitiba. No período, foram registrados 140 crimes e solucionados 124. A taxa é superior à dos Estados Unidos, país referência em qualidade nas investigações policiais, que apresentou 62,3% em 2018, últimos dados oficiais divulgados pelo FBI.
Para o delegado-geral da PCPR, Silvio Jacob Rockembach, esses resultados decorrem de três fatores. “O primeiro deles é muito planejamento, o segundo é a implantação de uma gestão de resultados e o terceiro decorre de muito, mas muito trabalho, dedicação e profissionalismo dos policiais civis que estão atuando na ponta.”
Rockembach ressalta ainda que implantou um sistema de avaliação de desempenho na PCPR. “Estamos buscando atingir metas e resultados pelo menos iguais àqueles que vem sendo alcançados por outras polícias do mundo, consideradas referência em investigação criminal”.
O índice de solução de homicídios da PCPR em Curitiba (88,6%), já supera até mesmo alguns de uma das melhores polícias do mundo, o Departamento de Polícia de Nova Iorque (NYPD), que publicou os dados do primeiro trimestre de 2020. A divulgação lá é dividida por bairros: Manhattan (82,4%), Brooklyn (84%), Queens (63,6%).
FOCO E INTEGRAÇÃO – De acordo com a delegada da PCPR, Camila Cecconello, a motivação de 77% dos homicídios está relacionada ao tráfico de drogas. “Policiais civis que atuam no combate a homicídios em Curitiba estão focados em identificar responsáveis pelo tráfico de drogas em determinadas regiões da cidade, já que a maioria dos assassinatos tem relação com essa prática criminosa”.
A delegada ressalta que as ações de inteligência e a atuação conjunta entre as unidades da PCPR é decisiva. “A troca de informações entre as unidades, além de acelerar o processo de esclarecimento de crimes e identificação de autoria, proporciona a programação de operações conjuntas e a repressão de ambos os crimes, tanto o de homicídio como o de tráfico de drogas, que é o grande causador de assassinatos na Capital”.
Cecconello também destaca a qualidade dos serviços técnicos de papiloscopia da PCPR e de perícias da Polícia Científica. “Estão sempre nos auxiliando para que consigamos identificar homicidas com provas técnicas, que fortalecem as investigações”.
A PCPR possui força-tarefa com foco na investigação de crimes mais antigos, nenhum caso é abandonado. O objetivo é solucionar e identificar a autoria desses crimes que estão em tramitação há muito tempo.
ESTATÍSTICAS – A PCPR adequou as diretrizes utilizadas no cálculo de índice de solução de crimes para poder fazer um fiel comparativo com estatísticas de outros países. A taxa de solução de homicídios passou a ser calculada segundo as regras do Uniform Crime Reporting (UCR), estabelecidas pelo FBI na década de 1930. Essas diretrizes são o padrão nacional dos Estados Unidos, referência mundial em estatísticas policiais.
O cálculo é feito da seguinte maneira: número total de crimes resolvidos em um período, dividido pelo número total de casos ocorridos naquele período temporal. Ou seja, os casos resolvidos podem ser do período atual ou de anos anteriores.
Na metodologia utilizada anteriormente pela PCPR, somente eram computados os casos solucionados no mesmo período em que ocorreram. Este sistema é falho, pois um crime ocorrido no último dia do período, teria menos de 24 horas para ser solucionado, e caso fosse resolvido no dia seguinte ou depois, nunca entraria em nenhuma estatística. Casos de grande repercussão como o da menina Rachel Genofre, nunca entrariam para as estatísticas de homicídios solucionados. Além disso, não era possível comparar os dados com as melhores polícias do mundo.
MELHORA CONSTANTE – Ao aplicar a metodologia antiga, pode-se verificar que a velocidade na conclusão das investigações da PCPR é elevada e melhora a cada ano. Dos 140 homicídios ocorridos no primeiro semestre, 97 já foram solucionados até o dia 30 de junho, o equivalente a 69,2%. Em 2019, a taxa do ano completo ficou em 61%. Resultados muito superiores aos da gestão anterior que solucionou 37% dos homicídios em 2018 inteiro.
DADOS – As vítimas, em sua maioria, são homens. No primeiro semestre de 2020, 128 vítimas foram do sexo masculino e 12 do sexo feminino, sendo seis feminicídios. A maior parte das vítimas tinha entre 18 e 29 anos (40%) e entre 30 e 39 (30%).
DENÚNCIAS – A colaboração da população para a elucidação de crimes é importante. Todas as denúncias são devidamente apuradas e muitas resultam na identificação e prisão de homicidas.
O cidadão que tiver informações sobre qualquer tipo de crime pode ligar para o telefone 197 da PCPR. As denúncias exclusivas sobre homicídios, podem ser feitas no número 0800 6431 121. O sigilo é garantido.