A assistência do Estado para manter a saúde mental de policiais e as políticas necessárias para reduzir os índices de suicídios entre servidores da Segurança Pública serão alguns dos temas abordados durante o 1.º Congresso das Classes Policiais Civis do Paraná (I Conclapol), que o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) promove nesta quinta e sexta-feira (5 e 6/12), na Escola Superior de Polícia Civil, em Curitiba.
O volume de agentes de segurança que sofrem de depressão agravada pelo quotidiano estafante peculiar da área tem chamado a atenção. De acordo com os dados apresentados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) durante o 13° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2018, o número de suicídios entre policiais (104) superou o número de agentes mortos em serviço (87).
Ainda segundo os dados do anuário, baseados em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, o Paraná foi o terceiro estado da federação que mais registrou casos de suicídios de policiais. O número de casos no estado passou de oito, em 2017, para 11 no ano passado (um aumento de 37%). O estado com mais casos de suicídios de profissionais da segurança pública em 2018 foi São Paulo, com 30 casos, seguido de Minas Gerais, com 14.
De acordo a coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP), a socióloga Dayse Miranda, o número de casos pode ser ainda maior, considerando que nem todos os estados informaram as mortes ao FBSP. Para Dayse, as mortes por suicídio e tentativas de suicídio são ainda um tabu nas instituições policiais. “O problema não é reconhecido como um tema de agenda pública no Brasil. Isso, além de comprometer um estudo mais aprofundado sobre o assunto, limita a elaboração de políticas públicas voltadas à saúde mental de policiais a partir de dados empíricos confiáveis”, comenta a socióloga, que estará a frente de uma conferência sobre o tema durante o Conclapol.
De acordo com a coordenadora do evento e secretária geral do Sinclapol, Valquiria Gil Tisque, a ideia do congresso é proporcionar a comunidade policial e a acadêmicos um importante espaço para a discussão da problemática do adoecimento laboral dos policiais civis e as suas trágicas consequências. “O objetivo é buscar, a partir do meio acadêmico, propostas e soluções para a falta de assistência estrutural e psicológica para os policiais que tanto se expõem para proteger a sociedade e, muitas vezes, acabam entrando em um processo mental depressivo e que potencializa um final trágico”, afirma.
Com o tema “O dilema do Adoecimento Laboral do Policial Civil e suas consequências”, o I Conclapol conta com apoio da Escola Superior de Polícia Civil. Além de policiais, psicólogos, e psiquiatras, o evento também deve ter participação de profissionais da área de saúde, advogados, membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e universitários.
Serviço:
I Conclapol – Congresso das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná
Local: Escola Superior de Polícia Civil (ESPC) – Rua Tamoios, 1200, Portão – Curitiba/PR
Dia 05/12:
19h45min: Abertura do evento: Organizadores e autoridades.
20h: Conferência com a autora Dayse Assunção Miranda. Tema: Suicídio Policial: um desafio para as políticas públicas e institucionais.
21h30min: Homenagens para os filiados mais antigos.
22h: Encerramento.
Dia 06/12:
Local: Escola Superior da Polícia Civil – PR
14h: Abertura dos grupos de trabalho/ Advogada SINCLAPOL Andréa Arruda Vaz com o tema:
O desenvolvimento das subjetividades humanas por meio do trabalho saudável.
14h30min: Início das apresentações dos artigos selecionados para o evento.
20h: Conferência com o autor Rubem Almeida Mariano. Tema: A saúde mental dos
trabalhadores e das trabalhadoras da Segurança Pública: Aspectos Ambientais e Psicológicos
– suas causas e consequências na saúde do Policial Civil.
21h30min: Banda da ESPC/PR
22h: Encerramento com sorteio de brindes.
Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná – Sinclapol
Rua Julio Fleming, 14 – Vila Izabel – Curitiba/PR