À primeira vista, Good Boy parece uma combinação improvável. Filmes com cães costumam ser leves e emocionais, mas aqui, o que se vê é o oposto, um suspense psicológico, tenso e, por vezes, perturbador. Assistido com exclusividade pelo Plantão 190 antes da estreia nos cinemas, o longa entrega uma experiência diferente, centrada no olhar do animal que enxerga o que os humanos sequer percebem.
A trama acompanha Indy, um cão que vive com seu dono, Todd, em uma casa isolada após uma perda familiar. O ambiente é silencioso e a paz dura pouco. Ruídos à distância, presenças que só o cachorro parece perceber e uma câmera que se mantém quase o tempo todo à altura no olhar dele criam um clima de apreensão. É uma espécie de “dog-cam cinema”, o ponto de vista canino que transforma o cotidiano da história em terror atmosférico. A fotografia e o som criam um clima de tensão constante, sem sustos gratuitos.
Outro medo inevitável e legítimo (de todos aqueles que vêem filmes com animais) é o de que o cachorro morra. O filme seria imediatamente cancelado. Mas sem spoilers: o que se pode dizer é que a tensão se sustenta justamente por essa empatia profunda. O espectador se sente preso ao olhar de Indy, compartilhando sua inocência e seu pavor, numa jornada que vai se revelando de forma lenta e quase claustrofóbica. E digamos que Indy entrega, um ator digno do papel!
A crítica internacional tem reagido com entusiasmo, descrevendo o filme como um dos experimentos mais ousados do terror contemporâneo, capaz de humanizar o medo através dos olhos de quem não fala. Algumas falas destacaram a performance do próprio cão Indy como o grande trunfo da produção, por transmitir mais emoção e verdade do que muitos atores humanos em dramas premiados. Nos principais portais, o filme mantém nota positiva, embora alguns críticos apontem que o arco humano em torno do animal perca força em certos momentos, o que é natural em uma história que se propõe a ser minimalista e quase muda.
O acerto de Good Boy é, de fato, inverter papéis, pois o animal vê, sente e compreende o suspense de modo distinto. A direção mantém o ritmo enxuto, o filme tem apenas 73 minutos, e aposta mais em atmosfera do que em sustos óbvios. Cria-se um terror de sutilezas, de medo e da solidão de quem observa o mal sem poder agir diretamente. O enredo humano é discreto e pode deixar quem espera grandes explicações, com um ritmo mais lento e contemplativo, mas isso não significa menos inquietante e menos entretenimento. É apenas uma nova experiência para o gênero, que honestamente, gostei bastante. Já que sobre o final, não posso contar!
🎬 Ficha técnica essencial
Título original: Good Boy
Ano de lançamento: 2025
Direção e roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Elenco principal: Shane Jensen (Todd), Arielle Friedman (Vera), Larry Fessenden (Avô) e Indy (o cão)
Gênero: Suspense / Terror psicológico
Duração: 73 minutos
Distribuição no Brasil: Paris Filmes
Estreia nos cinemas: 30 de outubro de 2025
Classificação indicativa: 16 anos
Conteúdo elaborado por Francine de Souza, jornalista especialista em comunicação audiovisual. Dúvidas, críticas, elogios ou sugestões: @francinedesouza.jor.psi.adv





