A adolescente Lívia, 16 anos, que morreu após passar mal em um motel, sofreu um edema pulmonar. Essa foi a primeira informação repassada pelo Instituto Médico Legal sobre o que teria acontecido com a jovem.
Na última quarta-feira (20), a adolescente foi até o motel com um rapaz que estava começando a se relacionar. Lucas Nascimento de Carvalho, 29 anos, relatou que após o ato sexual, a jovem começou a passar mal e sentiu falta de ar. Em seguida ela começou a ter uma grande hemorragia e ficou inconsciente.
Lucas saiu correndo e pediu socorro para funcionárias do motel, porém as funcionárias que são estrangeiras não sabiam falar muito bem português. Uma das funcionárias teria amparado a adolescente enquanto outra funcionária ligou para a Polícia Militar. Como a mulher não sabia falar muito bem português ela passou o celular para Lucas que comunicou a situação aos policiais militares. Lucas teria questionado se ele poderia socorrer Lívia até uma emergencial e de acordo com ele, os policiais orientaram a adolescente para uma emergência. Enquanto isso a adolescente continuava sangrando. Com ajuda das funcionárias ele tentou enrolar a adolescente em um lençol, mas como ela continuava sangrando eles decidiram vesti-la para não ir nua até a Unidade de Pronto Atendimento. Ele pagou o motel e levou a adolescente até a UPA de Pinhais.
Lucas relatou que quando colocou a adolescente no veículo ela ainda estava respirando, mas ela morreu logo após dar entrada. A provável causa da morte pode ser a grande hemorragia sofrida, devido o edema pulmonar, mas o laudo do Instituto Médico Legal deverá sair em 30 dias.
De acordo com o advogado Igor José Ogar, após deixar Lívia na UPA, devido a demora ele foi até a casa da mãe e a levou até a UPA, relatando que ela teria passado mal e desmaiado. Lucas conhece a família de Lívia há 8 anos, porém eles começaram a conversar apenas há 25 dias, onde começaram um relacionamento. Apesar da mãe não aprovar o relacionamento pela diferença de idade, ela permitia. O pai de Lívia não sabia que a filha estava se relacionando com ele, mas Lucas teria relatado que ia contar para ele.
Lucas relatou que amava Lívia e que estavam planejando de morar junto e que está sofrendo muito com o que aconteceu. O advogado de defesa informou que Lucas não ficou preso e sim detido, para esclarecimentos, porém após exames preliminares, foi constatado que Lívia não sofreu violência física ou sexual. O advogado acredita que Lívia poderia ter algum problema de saúde pré-existente que pode ter ocasionado a morte da jovem.
Os celulares de Lucas e Lívia foram entregues a Polícia Civil para que as conversas fossem analisadas. O advogado ainda afirmou que Lucas não teria cometido nenhum crime, por isso ele foi solto.
O edema pulmonar
O edema pulmonar é uma condição caracterizada pelo acúmulo de líquido no interior dos pulmões. Ele ocorre com mais frequência quando o coração encontra dificuldade para bombear o sangue, aumentando a pressão do sangue no interior dos pequenos vasos sanguíneos dos pulmões. Para aliviar essa pressão crescente, os vasos liberam líquido para dentro dos pulmões. Esse líquido interrompe o fluxo normal de oxigênio, resultando em falta de ar.
Na maioria dos casos, o edema é causado pela insuficiência cardíaca, que ocorre quando o coração não é capaz de bombear o sangue adequadamente. Mas o edema pulmonar pode ocorrer por outros motivos, incluindo pneumonia, exposição a certas toxinas e medicamentos e até por traumas torácicos. Além disso, algumas pessoas, quando expostas a altitudes acima de 2.500 metros (o equivalente a quase nove Torres Eiffel), podem desenvolver o problema. À medida que a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui e menos moléculas de oxigênio estão disponíveis no ar mais rarefeito, dificultando a respiração. Quanto mais rápido a pessoa sobe, maior o risco de edema pulmonar.
Segundo o dr. Fernando Ganem, diretor do serviço de Pronto Atendimento do Hospital Sírio-Libanês, várias condições que afetam o funcionamento do coração podem levar ao surgimento do edema pulmonar. São elas:
* Doença isquêmica do coração (infarto).
* Disfunção das válvulas e do músculo cardíaco (cardiomiopatia), que pode ser decorrente de hipertensão.
* Diabetes.
* Alcoolismo crônico.
* Infecções virais.
* Cardiotoxicidade de alguns medicamentos.
Além dos problemas cardíacos, há outro grupo de doenças de risco para o edema pulmonar. Pessoas que já tiveram um edema pulmonar ou doenças pulmonares, como tuberculose e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ou com distúrbios vasculares estão mais propensas a desenvolver um edema pulmonar.
“Quando isso ocorre, o paciente apresenta sintomas como falta de ar, sudorese excessiva, ansiedade, inquietação ou sensação de apreensão, sensação iminente de morte, dificuldade para respirar que piora quando deitado, sibilos ou suspiros, palpitações e dor no peito”, explica o dr. Ganem.
O diagnóstico é feito por meio da avaliação dos sintomas através de uma boa anamnese, exame físico e de raios X de tórax para avaliar a presença de líquido no pulmão. Quando não diagnosticado e tratado com rapidez, o edema pulmonar pode ser fatal.
Em casos graves, depois da abordagem inicial na sala de emergência, os pacientes podem necessitar de atendimento em uma unidade de cuidados intensivos ou críticos.